sábado, 16 de fevereiro de 2013

TODOS TEMOS SEGREDOS


Quando comecei a assistir Dexter, o seriado já estava em sua sétima temporada. Estava com os dvd´s em mãos, todavia, resisti por um tempo. Culpo a minha paixão por outra série: Bones. É uma reação considerada normal já que temos uma inclinação natural a rejeitar o novo em detrimento do habitual. O conforto do conhecido é sempre mais fácil. Mas, enfim assisti o episódio piloto, gostei, mas nada que me atraísse a continuar assistindo-o naquele momento. Tive meu próprio hiatus e passei os três meses seguinte sem dar sequência a meu plano de assistidas. Em dezembro passado voltei a assistir, inclusive recomeçando pelo piloto novamente. Pronto, isso foi a chave rodada na ignição. Daí por diante não consegui mais parar, assistia de 4 a 5 episódios por dia.
Dexter traz em seu enredo narrativo a temática do segredo. Quem somos quando ninguém está olhando? Que desejos ocultos temos? O que fazemos quando estamos sozinhos? O nascimento dos desejos é marcado por algo que nos leva a isso, seria uma espécie de rito de passagem que nos marca, que nos muda e que nos define quem seremos e o que faremos. Que fato nos definirá amanhã? Em Dexter isso acontece quando o protagonista, ainda criança, vê sua mãe ser morta em um container, onde passou dois dias trancado e coberto pelo sangue dela. Isso definiu sua profissão e a personalidade de Dexter Morgan: Analista de respingos de sangue e serial killer. Contudo Morgan é um assassino diferente, pois, só mata outros assassinos que saíram impunes de seus crimes. Segue o “código de Harry” ensinado pelo seu pai adotivo. Ele mata e esquarteja, jogando os corpos em alto mar em sacos plásticos, guardando sempre uma pequena amostra de sangue que retira de um corte que faz no rosto de suas vítimas como pequenos troféus. Focarei apenas nas quatro primeiras temporadas (já que comecei a assistir a quinta agora). O inicio da série nos mostra um Dexter shakespeariano, dividido em sua personalidade de assassino, de irmão e de namorado. Dexter Morgan é um cara calado e com dificuldades em estabelecer relações sociais com as pessoas. Tem uma namorada, a Rita, que conheceu por intermédio de sua irmã adotiva, a policial Debra Morgan. O relacionamento deles se desenvolve durante as quatro temporadas. Rita que ocupava um papel secundário na trama vai ganhando destaque e importância no enredo. A primeira temporada desenvolve-se em torno da descoberta da origem de Dexter, Dex descobre “verdades” sobre seu irmão, sua mãe, seu pai adotivo e ocorre também a apresentação dos personagens. Na segunda temporada Dexter passa a trair Rita com uma inglesa que também possui um “lado obscuro”, ou como o personagem mesmo chama, o passageiro sombrio. Na terceira temporada o foco se dá no tema da amizade, Dexter desenvolve amizade com o promotor Miguel Prado e passam a matar juntos. Começam as preparações para o seu casamento com Rita que engravida. Na quarta temporada já casados, e com um bebê, seu filho Harrison Morgan. Nessa temporada um novo serial killer está à solta, Arthur Mitchell, conhecido como Trinity, que após uma infância traumática, passa a repetir as mortes que presenciou ainda jovem, e passa a matar em séries de quatro assassinatos: um menino de 10 anos, uma mulher na banheira, uma mãe de dois filhos que pula e ele faz com que pareça suicídio e um pai que é morto a marteladas na saída de um bar, no entanto, como a policia não identifica as mortes do menino acabam contando apenas ciclos de três mortes em diversas cidades e décadas diferentes. O final da quarta temporada deixa o telespectador com a pergunta: isso aconteceu mesmo ou foi um sonho do Dexter? Estou falando amigo leitor da morte de Rita na banheira e de Harrison sentado no chão banhado no sangue da mãe, tal como acontecera com o seu pai no passado. Arthur faz da família Morgan o inicio do seu próximo ciclo se pensarmos em Rita morta na banheira. Pai e filho. Dexter e Harrison. Nascidos do sangue.

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