terça-feira, 14 de junho de 2016

O Homem Duplicado (Enemy)

" O caos é uma ordem por decifrar" 



Para os amantes de filmes como "Cisne Negro"; "Efeito Borboleta" e "Donnie Darko" ; O Homem Duplicado (2013) vem nessa linha de filmes com teor psicológico/ filosófico que irá fazer você pensar ( e viajar), e muito. 

Do Diretor Denis Villeneuve, a trama que é uma adaptação para o cinema do romance de José Saramago (Enemy) de 2002, conta a história de Adam Bell, interpretado pelo charmoso e talentoso ator Jake Gyllenhaall, um professor de História que tem uma rotina de vida tediosa, pacata e sem vigor. Os dias parecem todos iguais para Adam: Do trabalho para casa; encontra a namorada- onde vive o mesmo ritual nada empolgante e inovador até mesmo na cama-. E tudo se repete no outro dia, da mesma maneira. Podemos sentir o tédio do personagem, o filme, que nos minutos iniciais tem uma introdução inusitada e depois segue morno (propositalmente ao meu ver) que chega a despertar até mesmo sono no telespectador. Com uma iluminação um tanto densa e escura; observamos também que os trajes do personagem parecem combinar com seu estado de espírito de vida atual, em cores de tons neutros, amarronzados, opacos e sem vida.

Mas eis que logo ficamos vidrados na telinha quando algo inesperadamente novo surge: Alam recebe uma indicação de filme que  um colega de trabalho diz ter sido bom,  ao alugar a fita (também no intuito de querer quebrar a rotina com algo novo) o professor de História vê-se intrigado com o seguinte fato: O personagem Daniel, do filme assistido, é literalmente sua idêntica figura, um sósia de fato! E assim começa a busca de Adam pela sua cópia misteriosa, um ator chamado Anthony S.t Claire (Jake Gyllenhaal, óbviamente rs)


 O encontro entre os dois acontece. Anthony é o total oposto de Adam apesar de terem seus rostos e corpos literalmente iguais. Ator de sucesso, de personalidade marcante, Anthony leva uma vida de luxo, com roupas estilosas, além de uma moto fodona, é claro. Uma vida totalmente diferente da do professor de história, que apesar de assustado com tudo aquilo, parece invejar a vida de seu sósia. Um fato intrigante é que apesar de opostos os dois personagens tem suas esposas muito parecidas uma com a outra, duas loiras esbeltizas, só que uma está grávida. E não é a de Adam. 

O clima de suspense rege o filme todo que no começo é monótono, mas Gyllenhaal não deixa a gente dormir, regendo o filme com maestria, as demais atuações também são muito boas, o elenco parece estar submerso na mesma atmosfera denso/calmo/dramática/misteriosa do filme de sequência não-linear que logo nos surpreende com uma reviravolta nos fatos,  centrada nas personas de Adam/ Anthony que acabam por se confundir e nos confundir também: Afinal, quem é Anthony? Adam e Anthony seriam a mesma pessoa?

De uma forma ou de outra, um parece ambicionar algo na vida do outro nessa teia de entrelaces duplicadas. Esse caos que parece sugerir o que quer dizer desse duplo, dessa loucura do personagem, que nos faz refletir como nós mesmos nos enxergamos e/ ou gostaríamos de ser. Aliás, as reflexões sobre busca de identidade é uma característica bem predominante nos livros de José Saramago. Um bom exemplo é " O Conto da Ilha desconhecida"  "É preciso sair da ilha para ver a ilha" uma das citações. Eu super recomendo ( e prometo desde já fazer uma resenha sobre ele rs).

Dakiel, mas e as aranhas?

 Para você que não curte as lindas aracnídeas, sugiro que não veja este filme (rs, brincadeira, assistam o filme é ótimo). Elas são colocadas de uma forma surreal, e é o grande barato simbológico e inteligente do longa que irá ajudar  entender (ou não) a história .  Você verá o porquê de eu ter falado que você ia pensar, pois esse filme vai fazer você pensar, e muito. 


Veja o Trailler 



  

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